Na varanda que fica atrás de casa
tenho o prazer de ver uma vista radiante todos os fins de tarde: o pôr do sol
esplêndido no horizonte deste sertão cearense. Fico a contemplar a majestade
deste evento e a pensar nas muitas belezas existentes. A beleza da criação, das
pessoas, das artes (da música até a poesia), dos pensamentos, da revelação,
etc.
Quero ver o belo para não me
sobrecarregar com o enfadonho, com o escandaloso, com o cruel. A vida revela
beldades que inspiram. A vista em cima dos montes e sua quase onipresença na
percepção do horizonte. A dança das ondas mostrando que os mares se rendem a
alegria do baile. O caminho dos pássaros rasgando os ventos em tiros perfeitos,
brincando com a gravidade, celebrando apenas a existência e nos convidando a
cantar.
Deveríamos ver esses detalhes. Ver a
inocência das crianças que exalam respeito e tolerância, abraços e
brincadeiras, crescimento e aprendizado. Precisamos voltar à arte de conquistar
corações: corações amigos, enamorados, apaixonados, sinceros. A vida pela sua
riqueza sugere que alcancemos informações, visualizações, percepções. Isso é um
convite ao conteúdo existencial. O conteúdo do saber, do viver. Por isso as
belas canções marcam, as poesias bem orquestradas pelas letras e palavras mostram
que o jogo dos versos emociona, os relacionamentos sempre nos chamam ao
compromisso humano do amar-perdoar-amar, as construções dos projetos diversos
na pedagogia do ensino da vida, tudo isso na complexidade do belo.
É necessário viajar, nas culturas,
nas cidades, e nos pensamentos. É necessário falar de amor, na prática e no
exercício do convívio cotidiano. É necessário transcender para emanar o humano
e ver o divino, tão bonito e maravilhoso. É necessário viver a vida com estilo
e com beleza.
Dei Gratia.
Nino Vieira
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